quarta-feira, 1 de abril de 2009

BPPT - Estoril 2009: Joguei como nunca., perdi como sempre...

A minha vontade de jogar o BPPT – Estoril 2009 era grande. Por ser o torneio com melhor estrutura em Portugal, por ser aqui perto de casa e pela vontade de testar de novo as minhas capacidades numa prova desta dimensão quase um ano depois (não estive no de Espinho). Acredito que as 15 mil fichas iniciais e os níveis de blinds de uma hora encaixam melhor no meu estilo de jogo, que tenho a perfeita noção de ter evoluído desde a minha última presença num BPPT.

Por isso, na quarta-feira anterior, tratei de orientar o trabalho de forma a raspar-me mais cedo para jogar o último satélite online disponível, o $11 rebuys, na Betfair. Valeu a pena o esforço, já que, como todos sabem, consegui a almejada entrada depois de uma mesa final dificílima, repleta de bons jogadores!

Assim, cheguei ao Estoril com espírito de freeroll… Ideal para treinar o meu jogo na vertente live. Defini a estratégia nesse sentido, de tentar aproximar mais o meu jogo live ao online: podia ser o primeiro a sair, bubble ou sabe Deus (e as cartas). Jogar sem pressão e acima de tudo, colocar a mim mesmo uma pergunta antes das famosas 3 essenciais em cada jogada (O que tenho? O que tem o meu adversário? O que é que o meu adversário pensa que eu tenho?). O que é que eu faria nesta situação se estivesse a jogar na internet?

Por isso, ou por qualquer outro motivo, notei que o nervosismo pré-torneio era muito inferior ao habitual. Espero que seja simplesmente do hábito cada vez maior de jogar ao vivo! Sem qualquer problema, envolvi-me logo num pote na 2.ª mão do torneio, onde acabei por largar no turn um top pair no flop por falta de confiança no meu kicker, depois de o vilão ter feito check/raise no flop e uma leading bet forte no turn.

No entanto, depois daquela jogada, decidi que tinha de impor algum respeito na mesa… A oportunidade surgiu não muito tempo depois. Dou flat call no botão com A high a um raise do cut-off. Check, check, no flop, vilão bet ao sair um K no turn, RugbyWolf call. River traz-me second pair e o vilão faz uma aposta a soar a value bet… Penso um pouco e decido seguir o meu instinto inicial: “Tentaste roubar as blinds e não tens outra forma de levar este pote sem ser tirares-me dele apostando”. Anuncio call e o vilão mostra X high card! Pote para RugbyWolf e, melhor do que isso, a mensagem passada à mesa: “Não tentem roubar-me o pote sem nada!”

Com isto ganhei ainda a confiança necessária para jogar descontraído. Não, os tremeliques não desapareceram por completo mas sofreram uma significativa melhoria… E orgulho-me do à vontade e tranquilidade com que ganhei com a mão direita um pote (sem ter a certeza de ter a melhor mão dos 4 jogadores envolvidos) enquanto a mão esquerda segurava o telefone junto à orelha para reportar ao Hooligato o modo como o torneio estava a correr!

E a forma como estava a correr era simples. Fiel à estratégia delineada, envolvi-me nos potes que julguei interesantes tentando nunca os descontrolar. Assim, draw falhado aqui, top pair ali, a minha stack andou sempre entre as 13 e as 17 mil fichas, valor com que terminei o Dia 1, depois de a primeira mesa ter sido desfeita e de uma passegem de apenas 30 minutos por outra mesa antes do redraw para o Dia 2.

Mãos a destacar: 3 (2 em que foldei pré-flop e 1 que ganhei pré-flop)

Ao terceiro raise consecutivo no cut-off, a SB faz uma tribet. Era a pior das 3 mãos com que tinha feito raise daquela posição e pensei raisar ainda mais, acreditando que o jogador na SB podia não estar assim tão forte. Optei por desistir e levar uma esfrega de 3 4 off. No problem! Seria num 60/40 e não valia a pena meter-me em confusões naquela altura.

Noutra mão há um raise UTG e eu em cut of -1 dou tri bet com AK. Depois de um grande teatro, de me perguntar quantas tenho atrás e se estou forte (ao que só lhe respondi relativamente às que tinha deixado atrás) o jogador UTG anuncia all in. Desconfiei de todo aquele teatro mas considerei que mesmo que na melhor das hipóteses estaria num flip coin e que não valia a pena arriscar metade das minhas 15 mil fichas numa corrida com as blinds em 100/200 e foldei. Foi então que o jogador, depois de arrumar as fichas, se levantou e foi fumar um cigarro e contar segredinhos aos amigos… “Não me fazes outra”.

Pouco depois, o mesmo jogador torna a fazer raise UTG. Na mesma posição tenho de novo AK e decido “virar o bico ao prego”. Desta vez sou eu que pergunto quantas tem ele atrás (8k) e, havendo já um call ao seu raise anuncio reraise para 4,5k, como quem diz “estou comprometido com este pote, já não largo!”. O jogador folda e mostra par de 6, o que permite encetar a conversa que o levou a admitir, depois de fechada a mesa, que fora all in com um par de 5 na jogada anterior.

Entro no Dia 2 com 17.825 fichas e a história deste dia conta-se em apenas 4 mãos…

Primeira vez no botão vejo AQ e faço standard raise. Ricardo Matos na SB anuncia all in de 15 k (blinds 200/400). Foldo mostrando-lhe a minha mão, e ele mostra-me o seu AK;

Mão imediatamente a seguir: AJ espadas. Raise standard, um espanhol na SB faz tri bet. Decido ir ver o que bate no flop. K x x, zero draws para mim e o espanhol entra no flop em all in! Easy fold…

Mais um AQ em posição, raise standard e levo as blinds.

Então, com a stack já nas 11k, decido dar call a um mini raise com Ax paus no cut of. “Sendo um mini raise, se der call aumento as odds das blinds para pagarem; se bate à boi levo um pote bastante interessante nesta altura do campeonato; se não bate é easy fold e entro em modo all in ou fold no próximo nível de blinds; além disso vou jogar com posição sobre todos os jogadores envolvidos”. Vem então um flop “semi à boi”: 9 high card com dois paus, deixando-me em nuts flush draw. A SB aposta 5k (num pote de 5.475). Pelo perfil que já tirei desse jogador sei que tem no mínimo top pair. Eu preciso de ajuda para ganhar aquele pote, mas estão lá 10 mil fichas, que é precisamente o valor da minha stack. Decidi arriscar ali! All in! SB call com Q9. “Um A também serve!”. Nem A, nem paus e… fim da linha!

Apesar da fúria inicial (fui-me logo embora sem aproveitar o jantar nem a massagem a que tinha direito :), fiquei satisfeito com a minha prestação. Julgo que joguei o melhor possível atendendo às mãos que tive. Apesar de não me queixar tanto como noutras ocasiões, a verdade é que, mais uma vez, o par de mão mais alto que vi foi 88, o que me deixou sempre mais dependente do que saísse na board para tomar decisões; A experiência acumulada é sempre positiva; Aproximei mais um pouco o meu nível live do online; Joguei sem receios, para ganhar (leia-se, tentar chegar ao payout); Resumindo e concluindo, o meu jogo teve traços preocupantes de similaridade com a Selecção Nacional do Carlos Queiroz… Joguei como nunca, mas perdi como sempre!

Até Chaves!

2 comentários:

nelbet disse...

Boas "vizinho". foi pena nao teres ido mais longe no bppt, parabens pelo blog e continua a escrever as tuas aventuras !!

Nanda disse...

Sergitcho!! Parabéns.. beijinhos